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Como os anticoncepcionais influenciam no corrimento vaginal: analisando cada método.

  • julianamnovaes
  • 10 de jan.
  • 4 min de leitura

Você sabia que o tipo de anticoncepcional pode alterar seu conteúdo vaginal? Sim, o tipo de anticoncepcional escolhido pode alterar o muco cervical e influenciar o corrimento vaginal!


O muco cervical é uma secreção produzida pelas glândulas localizadas no colo do útero (cérvix). Ele desempenha um papel essencial na saúde reprodutiva feminina, variando em composição, quantidade e consistência ao longo do ciclo menstrual, influenciado pelos hormônios estrogênio e progesterona.


O muco cervical contribui para o conteúdo vaginal, que é uma manifestação natural do corpo feminino, desempenhando um papel crucial na manutenção da saúde íntima. Ele auxilia na lubrificação, limpeza e proteção contra infecções.


Contudo, o tipo de anticoncepcional utilizado pode alterar suas características, como cor, consistência e odor. Entender essas mudanças pode ajudar as mulheres a reconhecer o que é esperado e identificar possíveis sinais de alerta.


Vamos analisar as alterações do muco cervical e como pode ficar o conteúdo vaginal de acordo com cada método:


1. Pílulas Orais Combinadas (Estrogênio e Progestágeno):

  • Alterações no muco cervical: As pílulas combinadas inibem a ovulação e promovem o espessamento do muco cervical, tornando-o menos permeável aos espermatozoides.


  • Conteúdo vaginal: podem aumentar a secreção vaginal, resultando em um corrimento mais abundante e transparente, semelhante à clara de ovo.


2. Pílulas de Progestágeno (Minipílulas):

  • Alterações no muco cervical: as minipílulas também inibem a ovulação espessam o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides.


  • Conteúdo vaginal: podem reduzir a quantidade de secreção vaginal, resultando em um corrimento mais espesso e menos abundante.


3. Anel Vaginal:

  • Alterações no muco cervical: libera hormônios que são absorvidos pela mucosa vaginal e que inibem a ovulação e espessam o muco cervical.


  • Conteúdo vaginal: por ser um corpo estranho dentro da vagina, algumas usuárias podem perceber um aumento no corrimento vaginal, que tende a ser claro ou branco e sem odor. Essas alterações também são causadas pela liberação de hormônio localmente.


4. Adesivo Transdérmico:

  • Alterações no muco cervical: libera hormônios que espessam o muco cervical, impedindo a passagem dos espermatozoides.


  • Conteúdo vaginal: pode causar alterações no corrimento vaginal, embora menos frequentemente relatadas em comparação com outros métodos.


5. Dispositivo Intrauterino (DIU) Hormonal:

  • Alterações no muco cervical: libera um hormônio do tipo progestágeno localmente - dentro do útero, espessando o muco cervical e impedindo a passagem dos espermatozoides.


  • Conteúdo vaginal: pode levar a um corrimento mais espesso e, em alguns casos, a episódios de spotting (sangramento irregular). Além disso, como a mulher continua ovulando e apresentando oscilações hormonais inerentes ao ciclo ovulatório, o conteúdo vaginal pode responder à estas oscilações, e aumentar ou diminuir conforme a fase do ciclo.


  • O fio do DIU, por ser um corpo estranho, pode levar à alterações do conteúdo vaginal, e em alguns casos raros e mais específicos, formações de biofilmes - agrupamento de bactérias - o que favorece condições como vaginose bacteriana recorrente e candidíase. Nestes casos, o DIU pode não ser a melhor opção de método anticoncepcional. Mas esta condição não é muito comum! Se você usa DIU e não tem corrimento com mal odor ou coceira, fique tranquila.


6. Dispositivo Intrauterino (DIU) de Cobre/Prata:

  • Alterações no muco cervical: não altera significativamente o muco cervical, mas provoca uma resposta inflamatória no útero que é tóxica para espermatozoides e óvulos.


  • Conteúdo vaginal: pode aumentar o volume de corrimento vaginal devido à resposta inflamatória local. O fio do DIU de cobre/prata também pode propiciar aumento do corrimento vaginal em situações específicas, da mesma forma que o DIU hormonal, como já descrito acima.


7. Implante Subdérmico (Implanon)

  • Alterações no muco cervical: o Implanon libera continuamente um progestágeno, o etonogestrel, que espessa o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides, além de inibir a ovulação.


  • Conteúdo vaginal: o corrimento tende a ser mais espesso devido ao aumento da viscosidade do muco cervical. Algumas usuárias relatam episódios de sangramento irregular, o que pode alterar a cor do corrimento, tornando-o marrom ou levemente sanguinolento nos primeiros meses de uso.


  • Em algumas mulheres, o Implanon reduz a produção de muco vaginal ao longo do uso.


É importante notar que, embora essas alterações sejam comuns, a resposta ao anticoncepcional pode variar entre as mulheres.


Além disso, nem todo conteúdo vaginal é resultado de processos normais; algumas alterações podem indicar infecções ou condições patológicas que requerem atenção médica.


Se houver mudanças significativas no corrimento vaginal, especialmente se acompanhadas de odor desagradável, coceira ou desconforto, é essencial consultar um profissional de saúde para avaliação.


Referências Bibliográficas:


  1. SILVA, A. B.; OLIVEIRA, C. D.; SANTOS, E. F. Impacto de diferentes métodos contraceptivos no muco cervical: revisão sistemática. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 42, n. 3, p. 245-252, 2024.


  2. PEREIRA, R. G.; SOUZA, L. M.; COSTA, J. S. Alterações vaginais associadas ao uso de dispositivos intrauterinos hormonais e não hormonais. Journal of Contraceptive Studies, v. 37, n. 2, p. 112-118, 2023.


  3. LIMA, T. F.; RODRIGUES, P. M. Comparação entre o DIU de cobre e o DIU hormonal em relação a corrimento vaginal e infecções. Acta Ginecológica Brasileira, v. 19, n. 5, p. 401-409, 2022.


  4. FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de Anticoncepção. 

 
 
 

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